O crédito concedido pela banca moçambicana às empresas e consumidores aumentou 17% de 2017 para 2023, para quase 269.479 milhões de meticais (3.631 milhões de euros), indicando, segundo o Governo, a “expansão da atividade económica”.
“Esse aumento representa uma mudança positiva no acesso ao crédito por parte das empresas e dos consumidores no geral, indicando uma possível expansão da atividade económica. Essa evolução pode ser atribuída a melhorias das condições macroeconómicas no país, bem como a implementação de políticas governamentais favoráveis”, lê-se no relatório com a Estratégia Nacional de Inclusão Financeira a implementar até 2031.
O documento, divulgado pelo Ministério das Finanças, consultado hoje pela Lusa, explica que os moçambicanos “usam diversos canais financeiros para adquirir crédito”, incluindo, além de bancos, microbancos, cooperativas de crédito, operadores de microcrédito e sociedades de investimento, também “grupos de poupança e créditos rotativos e empréstimos de familiares e amigos”.
Acrescenta igualmente o aumento “notável” do crédito à economia até 2023, face aos 230.431 milhões de meticais (3.105 milhões de euros) em 2017.
Contudo, de acordo com os dados do lado da oferta, em 2023, apenas 9,7% dos adultos moçambicanos tinham uma conta de crédito, que compara com os 5,1% em 2015.
“É evidente que a diferença de género no acesso ao financiamento ainda persiste, uma vez que apenas 5,6% das mulheres contra 12,2% dos homens possuem uma conta de crédito. Este facto realça a necessidade de criar produtos financeiros específicos para cada género”, aponta ainda o documento.
Expandir o acesso a produtos e serviços financeiros, aumentar o uso de produtos e serviços financeiros acessíveis e de qualidade, promover a literacia financeira e reforçar a proteção dos consumidores e a confiança nos serviços financeiros são os quatro pilares centrais da nova estratégia de inclusão financeira.
No documento com a ENIF 2025 – 2031 é sublinhado que a “inclusão financeira serve de catalisador para alcançar os objetivos de desenvolvimento mais amplos” do país e “não se limita a proporcionar maior acesso a produtos e serviços financeiros, mas também visa capacitar indivíduos e empresas a aprimorar seus meios de subsistência, desenvolver resistência e participar plenamente na economia”.
“Além de promover o empreendedorismo, a inclusão financeira facilita a poupança e o investimento, contribuindo para o bem-estar económico e social”, lê-se, sublinhando ainda que a estratégia “resulta de uma extensa consulta e colaboração entre o Governo, instituições financeiras, setor público e privado, bem como parceiros de desenvolvimento”.
“Reflete o compromisso conjunto de posicionar a inclusão financeira como um pilar central de desenvolvimento socioeconómico de Moçambique”, conclui.
Fonte: Lusa Moçambique