A recente declaração da Shoprite à Agência Lusa, a 5 de Setembro, de que está a analisar a permanência no mercado moçambicano abre espaço para uma reflexão sobre os desafios e oportunidades que o sector do retalho enfrenta no País.
“O grupo consolidou as suas operações africanas nos últimos anos e continuamos monitorizando de perto a situação em Moçambique”, afirmou fonte oficial da Shoprite, acrescentando que o País “está numa lista de observação”, devido aos desafios actuais no ambiente operacional.
Embora a empresa sul-africana ainda não tenha tomado uma decisão definitiva, o simples facto de admitir a possibilidade de reavaliação da sua presença sinaliza uma instabilidade que pode preocupar consumidores e trabalhadores. Em Moçambique, a Shoprite emprega 1.234 trabalhadores e mantém 26 lojas, depois de ter encerrado uma no último ano, segundo o relatório e contas de 2024.
Um mercado em tensão
As dificuldades enfrentadas pela cadeia não são recentes. No passado recente a empresa viu-se obrigada a encerrar temporariamente algumas lojas em Maputo e noutras zonas consideradas de alto risco, após manifestações pós-eleitorais que culminaram em saques e actos de vandalismo.
Oportunidades no meio da incerteza
Por outro lado, a possível saída ou retracção da Shoprite abre espaço para investidores locais e estrangeiros que conheçam de perto a realidade moçambicana. Num mercado de mais de 30 milhões de consumidores, com forte crescimento urbano e uma classe média em expansão, há procura latente por soluções de retalho acessíveis, diversificadas e seguras.
Empresas nacionais poderiam aproveitar a eventual lacuna deixada pela Shoprite para reforçar cadeias próprias ou criar parcerias estratégicas com investidores regionais. A entrada de novos players, mais adaptados à realidade moçambicana, pode até contribuir para maior dinamismo e competitividade no sector.
Perspectivas futuras
Apesar dos desafios, a decisão final da Shoprite ainda não foi tomada.
Enquanto isso, investidores atentos devem considerar este momento como uma oportunidade para avaliar o mercado moçambicano, seja através de investimentos directos, joint ventures ou expansão de redes de distribuição.
Seja qual for a escolha da Shoprite, a discussão levantada pela possível saída da gigante sul-africana reforça uma realidade: o sector do retalho em Moçambique está em transformação, e quem souber ler os sinais poderá encontrar oportunidades de crescimento mesmo em cenários de incerteza.
Análise Interna: TBL