O secretário executivo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) pediu hoje que Moçambique adira a instrumentos jurídicos regionais para facilitar o comércio e apoiar países com menor capacidade financeira. “Estamos falando sobre como podemos facilitar o comércio entre nós, como Estados-membros da nossa região. O ponto-chave por trás disso é querer remover muitos ‘gargalos’ e aprovar muitos dos nossos instrumentos”, disse Elias Magosi, à margem de uma reunião com o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, em Maputo.
Entre os instrumentos disponíveis na região referiu o protocolo de comércio e o Fundo de Desenvolvimento Regional, destacando a necessidade doe os países africanos ratificarem ou aderirem aos mesmos.
“Estamos dizendo ao Presidente que Moçambique também precisa ratificar alguns desses instrumentos. O principal é o fundo de desenvolvimento regional, que ajuda os países que não têm dinheiro a conseguir financiamento, e, em seguida, o protocolo sobre comércio para que possamos fortalecer o comércio”, explicou o responsável.
Elias Magosi elogiou ainda o avanço do país na implementação dos corredores de transporte como os de Nacala, na província de Nampula, norte do país, e Beira, em Sofala, no centro, apoiados por instituições como o Banco Africano de Desenvolvimento e a Africa50.
“Portanto, esses são bons desenvolvimentos que o país está buscando, para garantir que os postos de fronteira de paragem única funcionem. Quando funcionam, o comércio circula facilmente, as pessoas circulam facilmente, o capital circula fácil e rapidamente entre os países”, afirmou Magosi.
A SADC alertou ainda para relevância da estabilização da província de Cabo Delgado, província rica em gás, que enfrenta uma insurgência armada, desde 2017, com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.
“Também é importante para nós que a área de Cabo Delgado seja estável, há terrorismo lá, nós precisamos contê-lo, nós enaltecemos o trabalho que o Governo e o Presidente estão fazendo lá, incluindo os projetos que começaram lá, para garantir que estes projetos também facilitem a paz, mas também facilitam o desenvolvimento destas comunidades”, acrescentou o secretário executivo da SADC.
A SADC, criada em 17 de agosto de 1992, é um bloco que tem como Estados-membros a África do Sul, Angola, Botsuana, Comores, Essuatíni, Lesoto, Madagáscar, Malaui, Maurícias, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué.
A balança comercial de Moçambique com países africanos cresceu 66% nos últimos cinco anos, totalizando 7.100 milhões de dólares (6.080 milhões de euros), apesar de globalmente permanecer deficitária, reconheceu em agosto o Governo moçambicano.
“Os dados de 2024 revelam que, as nossas exportações totais com África foram de cerca de 1.592 milhões de dólares norte-americanos, continuando o comércio concentrado na África austral, onde Moçambique tem acesso preferencial através da Zona de Comércio Livre da SADC”, revelou na altura o secretário de Estado para o Comércio, António do Rosário Grispos, na abertura da conferência MozExport, na cidade de Tete, centro do país.
Pelo menos 29 pessoas morreram e outras 208 mil foram afetadas, em julho, pelos ataques de grupos extremistas em distritos de Cabo Delgado, avançou um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU).
Pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique em 2024, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado em fevereiro pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).
Fonte: Lusa Moçambique