Agriview vence Prémio África de Inovação em Engenharia e coloca Moçambique no mapa da inovação sustentável global

A start-up moçambicana Agriview acaba de dar um passo ambicioso, posicionando o país entre as principais nações com inovações de escala mundial, capazes de alterar o paradigma da sustentabilidade e preservação ambiental.

Com base no seu core business inovador, a Agriview ganhou, recentemente, em Dakar, no Senegal, o Prémio One to Watch do Africa Prize, ao comprovar a possibilidade de se usar a casca de milho e seus derivados para a produção de loiça descartável e demais utensílios.

Trata-se de um projecto consideravelmente revolucionário, alinhado com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, uma vez que combate o uso do plástico nocivo para o ambiente. Neste momento a casca de milho não beneficia de nenhum tipo de reaproveitamento e a loiça descartável usada, actualmente, é produzida a base de plástico e outros materiais não biodegradáveis, com implicações severas sobre o ecossistema.

O prémio atribuído pela Royal Academy of Engineering de Londres, resultou de uma acirrada disputa envolvendo inovações de 30 países africanos, incluindo Gana, Nigéria, Quénia, Uganda, Tanzânia e Togo que competiam para um fundo de alavancagem que, entretanto, foi ganho pela moçambicana Agriview. 

Uma vez que o protótipo do projecto foi elaborado manualmente pelos criadores do projecto, os responsáveis da Agriview referem que o fundo ganho deverá servir, principalmente, para adquirir máquinas industriais que irão ajudar na moldagem eficiente da casca do milho, produzindo assim materiais duráveis e capazes de responder eficazmente o seu propósito de produção.

De acordo com Joaquim Rebelo, Co-fundador da Agriview, outro grande êxito do projecto, sendo este um dos principais diferenciais da iniciativa, assenta no facto de, no processo de produção, serem incluídas sementes diversas. Desta feita, uma vez descartada a loiça, o processo orgânico de decomposição natural permite que tais sementes germinem e dêem origem a novas plantas naquela área eleita para o descarte.

O prémio atribuído valida o propósito de transformar um mau hábito num gesto positivo para o ambiente, onde cada prato biodegradável dá origem a uma árvore e contribui para remover até 25 kg de dióxido de carbono da atmosfera, por ano. Mais do que um troféu, este prémio reforçou em nós a importância da persistência, da experimentação e da aprendizagem através das falhas, que foram essenciais para a melhoria contínua e evolução do nosso produto”, esclareceu Rebelo.

Já Rui Bauhofer, também Co-fundador da Agriview, acrescenta que o produto permite ainda que o agricultor consiga recuperar entre 10% e 20% do valor perdido na colheita, com base no reaproveitamento que é posteriormente feito pela Agriview.

Este Prémio traduz-se num atestado internacional do trabalho que fomos desenvolvendo ao longo dos últimos 3 anos, validando assim o potencial e a genialidade das inovações nacionais. Estamos a colocar Moçambique no mapa da inovação para Resiliência Climática em África e no mundo, ao mesmo tempo que contribuímos para a criação de emprego directo e indirecto, sobretudo nas zonas rurais”, destacou Bauhoufer.

Numa primeira fase, a partir da casca do milho, a Agriview prevê produzir e fornecer para diversas entidades, algumas já identificadas, consideráveis quantidades de pratos, favos de ovo, take-aways (recipientes descartáveis), tigelas, copos e tabuleiros.

A Agriview redefine o futuro das embalagens. Resíduos agrícolas transformam-se em soluções biodegradáveis e germináveis capazes de minimizar drasticamente a poluição ambiental associada ao uso do plástico, promovendo a sustentabilidade e posicionando Moçambique entre as principais nações que se desdobram para salvar o planeta.

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