Crédito habitacional torna-se mais acessível em Outubro

O custo do crédito imobiliário em Moçambique registou um ligeiro alívio no mês de Outubro, com as taxas de juro praticadas pelos bancos comerciais a situarem-se, em média, abaixo dos cinco por cento, segundo dados divulgados pela Associação Moçambicana de Bancos (AMB).

A Prime Rate do Sistema Financeiro Moçambicano — índice de referência para operações de crédito a taxa variável — mantém-se em 16,5% para Outubro de 2025. O valor resulta da soma entre o Indexante Único, calculado pelo Banco de Moçambique com base nas operações do mercado monetário interbancário, fixado em 10,3%, e o Prémio de Custo, apurado pela AMB, em 6,2%. Apesar da estabilidade deste referencial, os spreads padronizados — que representam a margem acrescida à Prime Rate segundo a categoria de crédito e o risco de cada operação — indicam um cenário de ligeira moderação no custo do crédito imobiliário.

O spread médio para empréstimos à habitação oscila entre 0% e 4,5%, enquanto o crédito mobiliário apresenta intervalos entre 2,5% e 5%, dependendo da instituição financeira e do perfil do cliente. Entre os bancos que praticam as taxas mais competitivas encontram-se o Access Bank, com um spread nulo (0%) para crédito imobiliário, e o Millennium BIM, com 1,2%. Já o BCI apresenta a margem mais alta, de 4,5%, seguido do Moza Banco, com 6,5% em alguns segmentos de crédito. Os analistas consideram que, embora o abrandamento das margens indique alguma normalização do custo do dinheiro, a Prime Rate ainda elevada continua a limitar a capacidade de endividamento das famílias e o crescimento do crédito à habitação.

Em termos práticos, um mutuário com uma taxa base de 16,5% e um spread de 4% enfrentará um juro efectivo de cerca de 20,5% ao ano, o que restringe a procura e mantém o financiamento imobiliário num patamar de selecção restrita. A Associação Moçambicana de Bancos recorda, contudo, que os spreads divulgados são meramente indicativos.

Cada instituição aplica ajustamentos adicionais consoante o risco de crédito, o histórico do cliente, o tipo de colateral e a duração do contrato. A concessão de novos empréstimos exige, ainda, seguro de vida, hipoteca de imóvel equivalente a pelo menos 120% do valor financiado e comprovativos de rendimento que assegurem uma taxa de esforço inferior a 30% do rendimento líquido mensal. Para o consumidor final, a descida dos spreads representa uma melhoria marginal na acessibilidade ao crédito imobiliário, mas o impacto é limitado pela rigidez da Prime Rate.

O mercado continua, assim, a operar num ambiente de custos financeiros altos, reflexo da política monetária restritiva necessária para conter a inflação e estabilizar o metical. Especialistas sugerem que, caso o Banco de Moçambique reduza gradualmente a taxa MIMO, actualmente em 10,25%, poderá haver espaço para uma diminuição mais consistente das taxas de juro aplicadas aos particulares e às empresas.

Fonte: O.Economico

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