Após seis meses de interrupção, a mina de grafite de Balama, operada pela australiana Syrah Resources, retomou os envios a partir do porto de Pemba. A reactivação surge num momento estratégico para o reposicionamento de Moçambique como fornecedor relevante de minerais críticos para a transição energética global.
A paralisação, iniciada em Dezembro de 2024, foi provocada pela instabilidade política e social que se seguiu às eleições gerais, resultando em 390 mortes e na declaração de força maior pela empresa. A crise levou à suspensão temporária da produção, à dispensa de trabalhadores e a falhas no cumprimento de obrigações com credores internacionais.
A retoma das operações em Julho foi possível graças à estabilização gradual do contexto político, impulsionada pela lei do acordo de pacificação nacional aprovada em Abril, incluindo a revisão constitucional. O novo quadro legal ajudou a restaurar a confiança dos investidores num sector com elevado potencial de crescimento.
A Syrah, que recebeu cerca de 248 milhões de dólares em financiamento da DFC e do Departamento de Energia dos Estados Unidos, prevê concluir novos carregamentos até ao final de Setembro. Parte do investimento foi também destinada à construção de uma fábrica de processamento de grafite nos EUA.
A mina de Balama é considerada uma das maiores fontes de grafite natural do mundo, matéria-prima essencial para baterias de veículos eléctricos. A retoma consolida a posição de Moçambique na cadeia de valor dos minerais estratégicos, num contexto de crescente procura internacional.
Fonte: Diário Económico