Barragem de Cahora Bassa vai aumentar potência em 90 MegaWatts

A Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), centro de Moçambique, uma das maiores barragens africanas, vai aumentar em 90 MegaWatts (MW) a potência total após a modernização e reabilitação da central sul, cujo arranque foi anunciado hoje.

 “Este projeto tem como principal objetivo melhorar a eficácia e a eficiência dos equipamentos responsáveis pela produção e transporte de energia elétrica, assegurando a sustentabilidade, fiabilidade e competitividade do sistema de geração. Trata-se de uma intervenção estratégica, crucial para o fortalecimento do setor energético nacional e regional”, afirmou o presidente do conselho de administração, Tomás Matola, citado num comunicado da HCB.

De acordo com o documento, enviado à Lusa, no âmbito do programa de modernização e reabilitação do complexo hidroelétrico, a HCB, maior produtora independente de energia elétrica em Moçambique, vai dar início ao projeto de reabilitação da central sul, fase 2 (RS2), integrado no Plano de Investimentos “CAPEX Vital 10 Anos”.

A HCB é uma sociedade anónima de direito privado, detida em 85% pela estatal Companhia Elétrica do Zambeze e pela portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN) em 7,5%, possuindo a empresa 3,5% de ações próprias, enquanto os restantes 4% estão nas mãos de cidadãos, empresas e instituições moçambicanas.

Com a implementação do RS2, a HCB prevê aumentar em 90 MW a potência total atual (2.075 MW) da central sul, “o que vai elevar a capacidade de cada um dos cinco grupos geradores de 415 MW para 433 MW”.

“Este incremento reforçará o fornecimento de energia à região, apoiando, por consequência, o crescimento económico. Adicionalmente, findo o projeto, a vida útil operacional da central poderá prolongar-se, a médio e longo prazo, para mais de 45 anos, o que será crucial para a produção contínua de energia numa região que depende fortemente da energia hidroelétrica”, refere o comunicado.

A HCB acrescenta que “será mitigado o risco de indisponibilidade prolongada dos sistemas de geração de energia e melhorado o desempenho da central hidroelétrica”, empreitada que será liderada pela austríaca Andritz Hydro.

“O projeto RS2 enquadra-se nos esforços contínuos da HCB para inovar e melhorar o setor energético em Moçambique, o que se traduz no empenho da empresa em garantir que o complexo hidroelétrico permaneça operacional, estratégico e estruturante com os mais elevados padrões, mesmo após 50 anos de existência”, aponta.

O plano de implementação do RS2, refere ainda, “prevê a paragem de cada um dos cinco grupos geradores por ano para se proceder à respetiva reabilitação, substituição de equipamentos e colocação em serviço” e para “colmatar o défice que se irá registar” a HCB diz ter estabelecido “como prioridade estratégica a implementação de dois importantes projetos, a central norte de Cahora Bassa e a central solar fotovoltaica.

A futura central norte terá uma capacidade instalada de 1.245 MW, composta por três grupos geradores de 415 MW cada, e a central solar terá uma capacidade estimada de 400 MWac, ambas a serem instaladas na província de Tete, zona reconhecida pelos níveis mais elevados e intensos de radiação solar do país.

“Estas infraestruturas contribuirão significativamente para o fornecimento de energia renovável, reduzindo a dependência hídrica e promovendo a sustentabilidade, bem como o reforço da posição da HCB como um dos maiores produtores de energia hídrica da África austral”, conclui.

A albufeira de Cahora Bassa é a quarta maior de África, empregando quase 800 trabalhadores, e é uma das maiores produtoras de eletricidade na região austral africana, abastecendo os países vizinhos. A barragem está instalada numa estreita garganta do rio Zambeze e a sua construção decorreu de 1969 a 01 de junho de 1974, durante o período colonial português. A operação comercial teve início em 1977, com a transmissão dos primeiros 960 MW, produzidos por três geradores, face à atual capacidade instalada de 2.075 MW

Fonte: Lusa Moçambique

en_USEnglish