Moçambique continua sem acesso à vacina contra a Mpox, enfrentando uma barreira financeira significativa que compromete a resposta nacional à propagação da doença. O alerta foi lançado pelo Instituto Nacional de Saúde (INS), que aponta o elevado custo do imunizante como principal entrave à sua aquisição.
Segundo o director-geral do INS, Eduardo Samo Gudo, a vacina disponível no mercado internacional é produzida com tecnologia antiga, o que não só encarece o seu preço como limita a sua produção em larga escala. Em declarações ao jornal O País, o responsável referiu que estão em curso negociações com o Africa CDC, numa tentativa de mobilizar doses para o continente africano, incluindo Moçambique.
Apesar do contexto adverso, Samo Gudo garantiu que o sistema nacional de saúde já dispõe de capacidade instalada para a realização de testes de diagnóstico em todas as províncias, um ganho técnico que permite identificar e isolar casos de forma célere. Na província do Niassa, a única até ao momento com registo de infecções, foram confirmados 13 casos, todos testados localmente.
A Mpox, uma doença viral com potencial letal, transmite-se sobretudo através de contacto físico directo — com destaque para relações sexuais e contacto pele a pele — mas também pode ser contraída por contacto indirecto com superfícies contaminadas. Desde o início do ano, pelo menos 170 óbitos foram registados no continente africano.
No entanto, e apesar do avanço da doença, o Governo descarta, para já, qualquer medida de restrição social ou económica. “Nenhuma entidade recomenda limitações. Quem organiza eventos deve avaliar o risco e implementar medidas de mitigação”, clarificou o director do INS.
A vigilância epidemiológica mantém-se activa, mas o cenário actual expõe, mais uma vez, a vulnerabilidade orçamental dos países em desenvolvimento face a emergências sanitárias, sobretudo quando a resposta depende de produtos médicos escassos e com elevado custo no mercado global.
Fonte: Jornal O País