O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu reduzir a taxa de juro de política monetária (taxa MIMO) de 11,00% para 10,25%. Esta decisão tem por base a consolidação das perspectivas de inflação em um dígito no médio prazo, apoiada, em parte, pela evolução favorável dos preços internacionais das mercadorias, apesar da persistência de riscos e incertezas no contexto nacional.
As projecções mantêm a inflação em níveis baixos no médio prazo. Em Junho de 2025, a inflação anual foi de 4,2%, ligeiramente acima dos 4,0% registados em Maio. A inflação subjacente – que exclui frutas, vegetais e bens com preços administrados – apresentou um ligeiro aumento. Esta estabilidade da inflação é sustentada pela valorização do Metical e pela manutenção dos preços internacionais das mercadorias.
No que diz respeito ao crescimento económico, prevê-se uma evolução moderada quando excluído o Gás Natural Liquefeito (GNL). No primeiro trimestre de 2025, estima-se que o Produto Interno Bruto (PIB), sem o GNL, tenha registado uma contração de 4,9%, após os -4,1% do trimestre anterior. Com o GNL incluído, a contração foi de 3,9%, comparativamente aos -5,7% do período anterior. Para os próximos tempos, antevê-se uma recuperação gradual da actividade económica, impulsionada pela redução das taxas de juro e pela implementação de projectos estratégicos.
Contudo, a pressão sobre o endividamento público interno continua a intensificar-se. A dívida interna – excluindo contratos de mútuo, de locação e responsabilidades em mora – atingiu os 454,3 mil milhões de meticais, o que representa um acréscimo de 38,7 mil milhões face a Dezembro de 2024.
No mercado cambial, espera-se maior fluidez. Para fomentar a venda de divisas ao público, o Banco de Moçambique reduziu os limites de retenção diária de divisas pelos bancos comerciais. Esta medida complementa o recente aumento da taxa mínima de conversão de receitas de exportação de 30% para 50%, o que deverá facilitar o acesso a moeda externa.
Apesar destes sinais positivos, os riscos e incertezas em torno das projecções de inflação continuam elevados. Entre os factores que podem influenciar negativamente a inflação destacam-se o agravamento da situação fiscal, as dificuldades na mobilização de recursos para o Orçamento do Estado, os atrasos na recuperação da capacidade produtiva e os impactos de choques climáticos.
O CPMO reafirma o compromisso com a normalização gradual da taxa MIMO. A velocidade e extensão desse ajustamento continuarão dependentes da evolução das expectativas de inflação e da avaliação dos riscos associados.
A próxima reunião ordinária do CPMO está agendada para o dia 29 de Setembro de 2025.